O planejamento escolar serve como referência para a escola adotar ações visando alcançar seu objetivos. Porém, não basta saber o que fazer, também é preciso saber como, quando, por onde e para quê fazer. Planejamento é algo essencial não apenas para o ambiente escolar, mas para todas as áreas da nossa vida, seja profissional ou pessoal. Uma pessoa só consegue alcançar seus objetivos quando sabe onde está e o que precisa fazer para chegar onde deseja. A mesma ideia serve para a escola. Quais são os objetivos da sua instituição? Que tipo de alunos você deseja formar? Quais metas você precisa concluir durante esse ano letivos? Como vai fazer isso?
Resumidamente, o planejamento escolar significa conhecer a realidade da escola e as necessidades da sua comunidade para conseguir destinar corretamente os recursos humanos, materiais e financeiros.
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A gestão escolar trabalha de modo a fazer com que todas as engrenagens do motor funcionem em sincronia. Dessa forma, a função do gestor escolar não se restringe apenas ao gerenciamento do dia a dia da escola, mas também antecipar atividades e situações para que todos estejam preparados para lidar com elas. A unidade do planejamento escolar evita que a equipe seja pega de surpresa por algum problema. Essa previsão é feita com base em experiências anteriores da escola, especialmente o planejamento do ano anterior. Ao fim de todo ano letivo, a gestão escolar deve analisar o desempenho da escola apontando os acertos, erros, conquistas e pontos a serem melhorados. Assim, é possível saber por onde começar no próximo ano.
Qual é a importância do planejamento escolar?
O planejamento escolar é importante para otimização de tempo e recursos. A comunidade escolar não chegará a lugar nenhum se não souber para onde precisa ir. Os professores precisam se preparar para lidar com as turmas, os demais funcionários da escola precisam saber quais recursos serão utilizados e os pais o que devem estar cientes da proposta escolar para poderem cobrar a escola e os alunos ao longo do desenvolvimento das atividades.
Para o gestor, as etapas de planejamento burocrático são fundamentais para o cumprimento de exigências legais. A gestão escolar deve seguir as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para organizar a grade curricular e dividir os conteúdos programáticos ao longo dos ciclos. Sempre vale dizer que a BNCC é uma referência e não um engessamento. Juntamente com o coordenador pedagógico, o gestor tem liberdade para escolher projetos e conteúdos extra para seu currículo.
Nesse sentido, o planejamento escolar é um documento mais objetivo no que se refere às questões pedagógicas, seu calendário de ações e currículo. Essa é a grande diferença entre o planejamento escolar e o Projeto Político Pedagógico (PPP). Embora estejam alinhados no que refere a missão e objetivos da escola, o PPP é um guia completo que organiza as diretrizes que a levarão a alcançar suas metas, cumprindo sua função social com qualidade. O planejamento escolar vai organizar as cargas horárias das turmas, a escala dos professores, o calendário geral da instituição, as avaliações a serem aplicadas (bimestrais, trimestrais ou semestrais), os recursos que serão utilizados e os projetos interdisciplinares.
Assim como o PPP não deve ser um documento de gaveta, o planejamento escolar também precisa ser um documento acessível e presente na rotina escolar.
Elaborar um planejamento real
Um erro bastante frequente cometido pela gestão escolar é ter pouco conhecimento do contexto em que a instituição está inserida. O planejamento escolar precisa ser realizável e o mais próximo possível da realidade da escola. Centralizar a gestão e não realizar feedbacks são medidas que não contribuem para a elaboração de um planejamento escolar real.
As metas propostas no ano anterior foram alcançadas? Quais ações foram aplicadas para melhoria dos resultados pedagógicos? Os resultados obtidos foram positivos? Quais ideias não tiveram uma boa aceitação da comunidade escolar? Como fazer uma planejamento melhor para esse ano?
É responsabilidade do gestor trabalhar para encontrar essas respostas mas ele precisa contar com a comunidade escolar para isso. Só é possível ter um ponto de chegada quando se tem um ponto de partida. Sendo assim, o gestor saberá que suas metas são possíveis somente se tem um histórico de desenvolvimento da instituição.
O planejamento escolar é feito anualmente antes do início das aulas. Muitas escolas costumam fazer uma semana pedagógica, ou semana de formação, com os funcionários antes do fim das férias dos alunos. É nesse momento que todos olham para trás, analisando o progresso obtido no ano anterior, para projetar as mudanças a serem propostas no próximo ano.
Diferenças entre planejamento estratégico e participativo
O planejamento escolar pode ser feito de diferentes maneiras. De modo geral, as escolas adotam dois tipos de planejamento: o planejamento estratégico e o participativo. Cada instituição deve escolher o modelo que fizer mais sentido para os seus objetivos. Apesar de serem modelos com particularidades específicas, o gestor pode mesclar estratégias dos dois planejamentos para construção do seu.
Planejamento escolar estratégico
O planejamento estratégico é um método bastante utilizado no mundo empresarial mas que também pode ser aplicado no ambiente escolar. Nesse modelo, a tomada de decisões acontece de maneira mais objetiva e a palavra final é de responsabilidade uma pessoa específica, geralmente o diretor.
Esse tipo de planejamento mais centralizado analisa dados quantitativos e qualitativos de diversas áreas relevantes da escola para propor as metas. Em outras palavras, as metas são propostas de maneira estratégica para melhoria do desempenho de acordo com o direcionamento do gestor. Apesar da decisão mais objetiva no que se refere a tomada de decisões, a equipe responsável por auxiliar o gestor durante a coleta de dados vai separar: as informações financeiras da escola, do mercado, diferenciais oferecidos, valor da mensalidade, satisfação dos pais e alunos, necessidades de investimentos, taxas de evasão e inadimplência, junto com os relatórios da gestão administrativa, financeira e pedagógica.
Planejamento escolar participativo
Diferentemente do modelo anterior, o planejamento participativo conta com a participação de toda a comunidade escolar para elaboração do plano e a tomada de decisões é influenciada pelo coletivo. Diretores, coordenadores, professores, funcionários, alunos e pais apresentam e votam pautas pertinentes para o planejamentos escolar.
Esse modelo se aproxima mais da proposta do Projeto Político Pedagógico e do ideal de uma gestão democrática nas escolas. Conhecer o PPP deve ser um pré-requisito para participação do planejamento. Todos os envolvidos devem estar cientes do conteúdo do projeto e alinhados com suas diretrizes. Conhecer os objetivos da escola é fundamental para diagnosticar problemas, propor melhorias e soluções.
O planejamento participativo promove a distribuição horizontal do poder de decisão.
Saiba tudo sobre o Projeto Político Pedagógico
O que não pode faltar em um bom planejamento escolar?
Como dissemos, o planejamento escolar é essencial para que a escola obtenha bons resultados, por isso existem alguns aspectos indispensáveis para o documento. O propósito do planejamento é organizar e transformar ideias em realidade. Portanto, a preparação é fundamental para otimizar o processo de elaboração e construção de cada etapa.
O primeiro passo é ter os resultados do ano anterior em mãos para que seja possível identificar os erros e acertos do planejamento antigo. A partir disso, são reunidas as propostas e ideias para o ano que se inicia, levando sempre em consideração a viabilidade de realização. Por fim, as ações são organizadas em um calendário geral para a instituição.
Dados da instituição
Uma gestão eficiente tem na ponta do lápis todos os números que refletem o seu desempenho. Estamos falando aqui de fluxo de caixa, controle de gastos, desempenho dos alunos, absenteísmo, taxa de evasão, taxa de inadimplência, além dos índices de satisfação de alunos, pais e funcionários. Todos esses dados representam indicadores de qualidade para a escola e a gestão precisa estar atenta a eles.
Sem conhecer os pontos fortes e fracos da instituição, não é possível estabelecer metas e objetivos que sejam coerentes. Nesse sentido, as prioridades também serão escalonadas de acordo com os resultados. Suas estratégias de marketing podem estar focando muito na captação de alunos e deixando de lado a retenção dos alunos já matriculados, por exemplo.
Manter uma comunicação constante com pais e professores é muito importante para cultivar um bom relacionamento. Um relacionamento baseado em confiança, transparência e parceria garante feedbacks construtivos. O desempenho dos alunos vai muito além das suas notas. A participação em sala, os recursos usados pelo professor e o acompanhamento da aprendizagem em casa estão completamente interligados. Desse modo, pesquisas de satisfação, bate papos, eventos e troca de recados rotineiros também compõe o que chamamos de dados da instituição.
Essas perguntas levam a uma reflexão mais profunda sobre o acompanhamento dos resultados: o que meus professores estão achando do material didático? A metodologia de ensino está sendo bem aplicada? Do que os alunos mais gostam? Quais sugestões os pais têm para a minha gestão? Dentre as ações aplicadas no ano passado, quais estão funcionando bem hoje?
Apontamento de melhorias
Uma boa gestão escolar sabe reconhecer os problemas do seu sistema. Não existe perfeição mas saber identificar fraquezas é a única maneira de ser melhor. O gestor deve ouvir sua comunidade escolar para entender quais impactos suas decisões e planejamento tem sobre ela e assim, conseguir seguir pelo caminho mais adequado.
Essas melhorias podem ser estruturais, como a reforma do prédio, construção de um laboratório, reparos anuais, por exemplo. Mas também podem ser pedagógicos, como adoção de uma nova metodologia de ensino, troca de material didático, adoção de um segundo professor em classe, e elaboração de projetos que envolvam sustentabilidade.
Cronograma organizado
O calendário escolar é a primeira parte do planejamento escolar a ser finalizada. O documento deve ser entregue à Diretoria de Ensino no final do ano letivo anterior. Desse modo, antes mesmo das férias de fim de ano, a gestão já deve organizar o currículo e propor a distribuição do conteúdo programático ao longo do dias. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) estabelece um número mínimo de 200 dias letivos no calendário de todas as escolas, enquanto a BNCC propõe as cargas horárias mínimas para cada disciplina e ciclo de ensino.
Além das obrigações legais, o cronograma também deve incluir as atividades organizadas pelas própria escola. Uma vez que os recessos e feriados já foram marcados, devem ser definidas as datas para avaliações mensais, bimestrais, semestrais, eventos comemorativos (festa junina, dia dos avós, festa da primavera, festa de fim de ano, celebração da páscoa, etc.), reunião de pais e formação de professores.
Exploração dos recursos tecnológicos
Não faz muito tempo que celulares e computadores eram considerados equipamentos de lazer e distração. Menos tempo ainda faz que o material escolar se restringia a lápis, caneta, caderno e livro didático. Com o auxílio da internet, estamos cada vez mais conectados e a tecnologia nos permite ter acesso a uma infinidade de informações com apenas alguns cliques.
Faz parte do planejamento escolar selecionar ferramentas e adotar mecanismos que facilitem o dia a dia dos profissionais, aumentem a qualidade da educação oferecida e melhore o desempenho dos alunos. Existe uma demanda cada vez maior por atualização dos métodos para acompanhar o novo ritmo de aprendizado das novas gerações.
É sempre importante ter em mente que uma mesma fórmula não funcionar para tudo, nem para todos. A gestão escolar deve escolher e implantar as práticas que mais se adequem à sua proposta pedagógica e a filosofia de ensino. Todo ambiente escolar pode se beneficiar das experiências tecnológicas e contribuir para que os desafios sejam superados.
Investir em soluções digitais para processos manuais garante agilidade, praticidade, transparência nas ações acadêmicas e a segurança da informação. Em outras palavras, a adoção de tecnologia na rotina escolar beneficia a gestão, os professores e os responsáveis pelos alunos.
Para o professor, a automação de processos burocráticos permite que ele tenha mais tempo para investir em outras atividades importantes, como ajudar alunos com dificuldade e planejar atividades mais atrativas para as crianças. Além disso, para os educadores que são responsáveis por mais de uma turma, ter todos os diários digitalizados significa uma redução na quantidade materiais que ele carregará para a sala todos os dias.
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Delegação de funções
Não raramente a gestão escolar tende a ser centralizada na figura do diretor. Delegar responsabilidades é indispensável para a realização de um bom trabalho, pois evita que apenas uma pessoa fique sobrecarregada. Sozinho, o gestor não consegue planejar, organizar, executar e acompanhar. A escola se constrói com a ajuda e apoio da comunidade. Portanto, o gestor precisa estar certo de que pode contar com a comunidade escolar para a realização de um bom trabalho. Ao envolver os agentes nos processos escolares, a gestão não apenas se mostra cada vez mais transparente como também garante a construção de uma gestão democrática e participativa.
Certamente algumas funções não devem delegadas a outros membros, ficando sob a responsabilidade do mantenedor da escola. Porém, o gestor pode contar com os coordenadores pedagógicos, supervisores e representantes de associação de pais para acompanhar e executar muitos pontos do planejamento escolar: organização de eventos para datas comemorativas, acompanhamento de resultados dos alunos, planejamento de workshops e palestras, campanhas de solidariedade, etc.