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Os alunos estão aprendendo com as aulas online?

Com escolas fechadas desde março, 46% dos professores não sabem dizer se os alunos estão aprendendo nas aulas online. É o que revela a pesquisa feita pelo Instituto Crescer com 528 professores da educação básica e ensino superior das redes pública e privada de ensino. Embora os docentes tenham se reinventado para garantir que os estudantes não se afastasse por completo da escola, ainda há um longo caminho de desafios pela frente. 

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A pesquisa, realizada o início do mês de setembro por meio de formulário digital, traz um olhar mais amplo sobre a experiência dos docentes nesses últimos seis meses. Ainda que a discussão sobre a adoção do ensino à distância na educação básica já existisse, ninguém esperava ter que adotá-lo às pressas.

De acordo com o estudo, 64% dos professores responderam que seu grau de familiaridade com o uso de tecnologias digitais estava entre 5 e 8 (em uma escala de 0 a 10) antes da pandemia. Isso significa que muitos deles não dominavam as ferramentas tecnológicas e precisaram aprender a utilizá-las para realizar o ensino remotamente. 

Quando questionados sobre a forma como aprenderam a utilizar as recursos das aulas, a maioria dos docentes relatou ter aprendido sozinho (61%) mas grande parte também pode contar com a ajuda de outros professores nesse processo (54%). Esse dado evidencia a importância da rede de apoio formada pelos próprios docentes durante a pandemia.

Além disso, a necessidade do momento fez com que eles se esforçassem para fazer a educação remota acontecer. A grande maioria (87%) respondeu estar usando trabalhando atividades remotas com os estudantes diariamente.

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A aprendizagem dos alunos nas aulas online

Ainda que a maioria dos professores (48%) esteja redesenhando totalmente as atividades previstas para que se adequem aos novos tempos e espaços disponíveis nos ambientes virtuais, não é possível calcular o nível de aprendizagem. Quando implantado no ensino superior, o EAD (ensino a distância) levou bastante tempo até ser credenciado e avaliado pelo Ministério da Educação (MEC). Isso significa que o aproveitamento das aulas online durante o período de isolamento social levará tempo para ser mensurado.

As escolas têm relatado certa cobrança por parte das famílias em relação ao rendimento das crianças durante esse período. Em entrevista ao Melhor Escola, a psicanalista e mestre em educação Jane Haddad, lembra que é importante compreender o cenário pelo qual estamos passando. “É óbvio que todos nós tivemos queda no rendimento. Nós fomos arrancados daquilo que tinha um planejamento, uma previsibilidade”, afirma.

Nesse sentido, os professores relatam o processo de ensino e aprendizagem tem sido desafiador. Quando questionados sobre a eficácia da personalização desse processo, respeitando os momentos individuais de cada um, 52% dos entrevistados respondeu estar obtendo sucesso nessa tarefa, enquanto 43% respondeu apenas algumas vezes.

Em adição, 51% dos professores respondeu estar conseguindo personalizar respeitando os diferentes estilos de aprendizagem apenas algumas vezes. A segunda grande parte do grupo, 42%, respondeu que está obtendo êxito na personalização. 

O que esse números trazem é a grande dificuldade do professor em alcançar os alunos de maneira remota, mesmo que se esforcem. Além das dificuldades estruturais, como acesso a equipamentos e conectividade, os professores também precisam conquistar o interesse do aluno e contar com a ajuda das famílias. Em um momento em que a escola se misturou com o ambiente da casa, os obstáculos no caminho mais que dobraram.

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Lições tiradas até o momento

Mesmo sem saber se os alunos estão aprendendo nas aulas online, os professores seguem resilientes. Ao desenhar uma aula remota, 74% deles busca privilegiar a interação com os alunos, 58% dá prioridade para transmitir o conteúdo previsto e 50% procura estimular que os estudantes façam pesquisas. Neste momento em que impasse sobre a reabertura das escolas fica cada vez mais intenso e os especialistas alertam para os prejuízos do fechamento prolongado das escolas, é possível observar o trabalho docente em diminuir os impactos socioemocionais. 

Se por um lado, para 41% dos profissionais a maior conquista, fruto deste momento de pandemia e da organização da educação remota, tenha sido a descoberta da capacidade de aprender a utilizar recursos digitais para fins pedagógicos. Por outro, a maior frustração, para 57% deles, foi “ter descoberto que por mais que eu me empenhe, poucos alunos aproveitam por falta de infraestrutura.”

A pesquisa reforça que os docente têm feito um grande trabalho de adaptação, ajuste e renovação para encara o momento. Entretanto, muitos pontos necessitam de uma devida atenção, especialmente o diz respeito aos processos e propostas de avaliação.

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