Método Paulo Freire: como funciona e quais seus conceitos centrais

A metodologia de Paulo Freire foi inovadora por considerar as experiências do aluno no processo de alfabetização


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Paulo Reglus Neves Freire, considerado o Patrono da Educação Brasileira, é um educador e filósofo que influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Porém, o método Paulo Freire é uma metodologia pedagógica que muitas pessoas possuem dúvida.


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Por isso, neste texto, iremos te explicar o que é o método freiriano, como ele funciona, qual o seu processo e muito mais. Boa leitura.

O que é o método Paulo Freire?

O método Paulo Freire foi desenvolvido pelo educador e filósofo brasileiro Paulo Freire (1921-1997) na década de 1960 na cidade de Angicos, Rio Grande do Norte.


A princípio, o seu foco era a formação de jovens e adultos. Isso porque o filósofo colocou o método em prática pela primeira vez na alfabetização de cortadores de cana. Na época, 300 adultos foram alfabetizados em 45 dias.


Atualmente, a metodologia freireana não costuma ser empregada em escolas do Ensino Básico, pois o seu foco não é a alfabetização de crianças. Além disso, por questões diversas, outros métodos de alfabetização tiveram influência no Brasil.


Alguns conceitos da pedagogia de Paulo Freire, porém, influenciaram outros métodos de alfabetização, o que faz com que a pedagogia do filósofo seja citada e referenciada em diversos estudos acadêmicos.


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Qual é o método de ensino de Paulo Freire?

O método Paulo Freire de alfabetização foi inovador na época porque ele não utilizou o sistema de cartilhas para a alfabetizar. Ou seja, em vez do aluno aprender as letras a partir de sons e grafias parecidas, como “a viúva viu a uva”, o professor deveria identificar, antes, o universo vocabular dos estudantes.


“Trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la)” Paulo Freire


A partir desse vocabulário, o professor deve estabelecer conexões, no caso de Paulo Freire, que ensinava lavradores, os exemplos são “enxada”, “plantação”, “feijão”. Assim, o sistema de letras e de sons fazem parte do dia a dia do aluno, ajudando ele a assimilar a letra com a fala.


Tais considerações foram inovadoras, pois a figura do professor deixou de ser o centro de conhecimento em uma sala de aula, já que o universo do aluno passou a ser considerado como válido para o processo de ensino.


Essa ideia é chamada de dialogismo: um processo de diálogo entre o professor e o aluno para que o aprendizado seja efetivo. 

Quais são as três etapas do método Paulo Freire?

A proposta freireana pode ser dividida em três etapas principais: investigação, tematização e problematização. Vamos detalhar cada uma delas a seguir:

Etapa 1 - Investigação

A fase de investigação é onde o professor identifica quais são as palavras e os temas centrais da vida do aluno. Para isso, é preciso que eles conheçam os estudantes por meio de conversas.


Essa etapa também é conhecida como “círculo de cultura”, pois é uma dinâmica na qual o professor incentiva os alunos a falarem sobre as próprias vidas e experiências, o que ajuda o professor a identificar o vocabulário dos alunos, além de incentivar o diálogo entre todos.


Dessa forma, é importante perguntar sobre o que o aluno gosta, o que ele está acostumado, o ambiente em que vive entre outros temas faz parte dessa etapa do método de Paulo Freire.  

Etapa 2 - Tematização

Na segunda, de tematização, a partir do tema geral discutido, o professor deve buscar o significado social dessas palavras e selecionar as que os estudantes apresentam dificuldades fonéticas para o processo de alfabetização.


Além disso, a partir dessas palavras e desses temas, o professor deve auxiliar o aluno a formar consciência sobre o mundo em que vive. Essa é uma forma de aprenderem mais sobre seu contexto social. 

Etapa 3 - Problematização

Por fim, a última etapa é a da problematização, em que o aluno e o professor devem superar uma visão “mágica” do mundo em que vivem para adquirir outra que seja crítica, capaz de transformar o contexto vivido pelo aluno.


Vale destacar que Paulo Freire desenvolveu mais uma proposta de alfabetização do que um método, já que a dinâmica proposta por ele deve ser reformulada de acordo com cada turma, não sendo, então, um método fechado, com padrões pré-definidos.


Nesse sentido, a educação freireana possui conceitos centrais a partir dos quais a educação, em geral, e a alfabetização, em específico, devem ser desenvolvidas.

Quais os princípios do método Paulo Freire?

Paulo Freire considera a escola muito mais do que as quatro paredes da sala de aula. Por isso, o seu método se diferencia das outras metodologias de alfabetização. 


Assim, os principais princípios do método Paulo Freire são:

Respeito ao contexto do aluno

O aluno é o ponto central da metodologia freiriana e há um grande respeito pelo estudante, seu ritmo e seu contexto. Vale destacar que, para o filósofo, passar conteúdos que não estão dentro do contexto cultural do aluno é um desrespeito.

Horizontalidade entre aluno e professor

No método de Paulo Freire, professor e aluno estão juntos na construção do conhecimento. Daí que surge a emblemática frase do filósofo, “ninguém educa ninguém e ninguém se educa sozinho”.


Portanto, para ele, não há uma hierarquia e nem autoridade na sala de aula, o que é muito diferente das metodologias tradicionais adotadas. 


Além disso, ele defende que o estabelecimento de uma autoridade dificulta o desenvolvimento da criticidade e da conscientização dos alunos. E vale lembrar que esse é um ponto muito importante na sua metodologia. 

Politicidade 

Para Paulo Freire, é  papel do educador fazer com que o aluno reflita sobre a sua realidade e busque formas e ferramentas para transformá-la. Portanto, a educação não deve ser neutra.  

O que é a educação para Paulo Freire?

Segundo Paulo Freire, educar é humanizar. Em outras palavras, educar é o ato de aperfeiçoar as pessoas, pois se o ser humano nascesse perfeito, ele não precisaria ser educado.


Por isso, educar é também reconhecer que a natureza humana é incompleta e que precisa ser aperfeiçoada. Além disso, no conceito freireano, os humanos são educados em contato com outros, sendo mediados por algum objeto de conhecimento, no caso, a própria realidade vivida por eles.


Dessa maneira, o dia a dia do aluno é um aspecto central no processo de alfabetização. Além disso, educar não é apenas o ato de ensinar aspectos formais e técnicos, mas é também desenvolver a capacidade de compreensão sobre a realidade para que ela seja transformada.


Assim, o ato de educar não é instrumentalizar o aluno, mas qualificá-lo para a compreensão da realidade e para a ação no contexto em que ele está inserido. 


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