A educação financeira deve ser ensinada para as crianças desde pequenas, assim elas acabam entendo a importância de poupar e de gastar quando for necessário.
Muitos pais ou responsáveis, porém, têm dúvida sobre quando começar a ensinar os filhos a controlar os gastos e quais estratégias usar para que o aprendizado seja efetivo. Por isso, separamos 5 dicas para te ajudar a ensinar boas práticas financeiras para os pequenos.
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Etapas da educação financeira para crianças
Segundo a educadora financeira Cássia de D’Aquino, a nossa habilidade em lidar com dinheiro começa a ser formada aos cinco anos. Sendo assim, uma orientação financeira inserida ainda na primeira infância pode ser a diferença entre formar um adulto endividado ou um adulto que tenha uma relação saudável com o dinheiro.
É claro que essa iniciação deve ocorrer aos poucos, pois ano a ano a criança vai adquirindo maturidade para lidar melhor com o dinheiro. Entre os quatro e seis anos, por exemplo, ela começa a ser capaz de identificar atividades comerciais, ou seja, consegue perceber que comprar um doce exige algumas moedas do seu cofrinho.
Nessa fase, é preciso começar a introduzir orientações básicas de finanças para as crianças. Uma dica é demonstrar com exemplos práticos e de fácil entendimento aos pequenos como o dinheiro é utilizado como ferramenta de troca nas relações de compra e venda.
Já a partir dos sete anos, a autonomia das crianças tende a aumentar. “Muitas vezes, as crianças começam a pedir dinheiro em vez de pedir para comprar. É nesse momento que introduzir a mesada é uma excelente ferramenta!”, indica a educadora financeira e autora de livros Ana Paula Hornos, sobre orientação de finanças voltada para crianças e adolescentes.
Na pré-adolescência já é possível dar noções básicas de orçamento, planejamento e controle financeiro, assim como informações sobre meios de pagamento, como cartões de crédito, além de ensinar sobre algumas operações bancárias.
Vale ressaltar que o adolescente não precisa ter acesso a todos esses procedimentos, mas saber como cada um funciona é importante para que ele consiga lidar melhor com as próprias finanças, futuramente.
Algumas estratégias são importantes nesse processo de ensino e aprendizado. Confira 5 dicas para ensinar educação financeira à criança e ao adolescente:
1. Dar uma mesada
A mesada é uma boa ferramenta para introduzir a noção de controle financeiro no universo da criança. O valor fornecido pelos pais ou responsável deve ser compatível com as necessidades exigidas de cada faixa etária, e a forma de pagamento – se é mensal, semanal ou quinzenal – também.
Para crianças menores, o ideal é dar uma quantia toda semana, já que elas ainda não são capazes de controlar os gastos financeiros em longo prazo. A medida que crescem, a liberação do dinheiro pode ser espaçada, com valores oferecidos quinzenal e mensalmente.
Além disso, é importante que, junto com a quantia, os adultos deem autonomia para que a criança possa administrar os recursos recebidos, sempre amparada por orientação e acompanhamento.
“A família deve deixar que [a criança] arque com os seus desejos materiais e de lazer, e auxiliar que ela se organize para adquirir o que deseja, por exemplo, um tênis, um brinquedo, o ingresso de um cinema”, destaca a professora de matemática Lívia Linhares. Dessa forma, ela adquire noções de responsabilidade e de consequência sobre os próprios gastos.
2. Auxiliar no controle de gastos
Em tempos de cultura do consumo, na qual somos bombardeados por propagandas que nos estimulam a ter e a comprar sem necessidade, torna-se cada vez mais necessário ensinar as crianças a desenvolver uma relação saudável com o dinheiro.
“Aumentaram as ofertas, as seduções e com isso a ansiedade e o desejo por ter mais. O desafio hoje é preparar as crianças para lidarem com o dinheiro e para fazerem escolhas financeiras em um cenário mais complexo”, detalha a educadora financeira Ana Paula.
Segundo a especialista, é preciso orientar as crianças a diferenciar o que é necessidade daquilo que não passa de mero desejo, ensinando-as desde cedo a priorizar escolhas quando se trata de consumo.
Nesse contexto, não basta apenas ensinar os aspectos técnicos que envolvem o dinheiro, mas também fornecer suporte emocional para que os pequenos consigam tomar decisões financeiras conscientes e, com isso, tornarem-se adultos controlados diantes dos impulsos de consumo.
“Já é provado pela psicologia econômica que nosso cérebro, quando pressionado ou estressado, tende a tomar decisões pelo ímpeto, a evitar a dor e buscar o prazer. Para frearmos esse processo, em uma situação de apelo ao consumismo, é necessário que o nosso cérebro esteja treinado e saiba identificar o gatilho. Nada melhor do que fazer esse treinamento emocional desde pequeno”, alerta Ana Paula.
3. Ensinar a poupar
Outra dica importante para alfabetizar financeiramente as crianças é inserir em seu cotidiano a ideia de “poupança”. Ensiná-las a poupar parte da mesada para comprar algo mais caro no futuro ajuda com que elas entendam melhor o valor das coisas à sua volta e faz com que percebam que o dinheiro é um recurso limitado e, por isso, deve ser administrado com cuidado.
Nesse quesito, o cofrinho é um ótimo aliado, pois possibilita que a criança possa visualizar as economias e a identificar o quanto falta para atingir o objetivo que ela mesma traçou.
Desse modo, espera-se que, quando adulta, ela saiba guardar uma parte do salário para estar prevenida diante de situações inesperadas e não precise recorrer a empréstimos. Ou mesmo que tenha disciplina para poupar com a intenção de comprar algo mais valioso sem a necessidade de contrair uma dívida.
4. Fazer um consumo consciente
A professora de matemática Andrea Regina Neme Paulucci ensina diariamente dezenas de crianças a lidar com números na sala de aula. Em sua casa, não é diferente. No lugar de equações e expressões numéricas, Andrea orienta seus filhos, Sophia e Arthur, de doze e oito anos, respectivamente, sobre o uso consciente do dinheiro.
“Para mim, é essencial que eles saibam que as coisas materiais têm que ser almejadas e conquistadas e que não é fácil consegui-las”, explica a professora.
Andrea faz questão de deixar claro aos filhos que tanto ela quanto seu marido dedicam-se muito no trabalho para que possam oferecer conforto e estabilidade financeira ao lar. Além disso, esforça-se para que o consumismo exagerado fique longe de sua casa.
Presentes mais caros, por exemplo, ficam restritos a aniversário e datas especiais, como Natal e Dia das Crianças. “E quando me pedem algo, eu converso e vejo se podemos naquele momento. Se a resposta for não, explico a eles. Normalmente, eles entendem”, completa Andrea.
5. Servir de exemplo para a criança
Os adultos devem ter consciência de que o modo como lidam com o dinheiro serve de espelho para as crianças. Isso porque os pequenos têm os pais ou os responsáveis como modelo para as próprias ações.
Então, mais do que falar, o importante é colocar em prática o que é ensinado. Desse modo, eles percebem a validade do que é ensinado e se sentem incentivados a também praticar o que aprendem.
* Este texto é uma adaptação do artigo desenvolvido pelo projeto Na Mochila.
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