A Dislexia é uma dificuldade de leitura e escrita, que por vezes, pode afetar, também, a percepção dos sons da fala, modo de pensar, raciocinar e agir diante de algumas situações do cotidiano. Manifesta-se durante a vida toda. É comum os professores perceberem a dislexia durante a fase final da educação infantil, onde acontece o início a sistematização da leitura e escrita e acentua-se na fase de alfabetização da criança.
Veja também:
+ Como captar alunos para escola particular: veja 4 dicas!
Estudiosos consideram a dislexia como um transtorno genético e hereditário da linguagem, caracterizado pela dificuldade de decodificar o estímulo escrito ou o símbolo gráfico. Pode ser classificada em diferentes graus: leve, médio e severo.
Somente especialistas da área, como médicos, psicólogos escolares, psicopedagogos, dentre outros especialistas, poderão avaliar o transtorno, por meio de combinado de ações, entrevistas, análise do histórico familiar, testes diferenciados e indicar um acompanhamento adequado, já que não existe cura.
Nos bem pequenos pode-se notar lentidão na fala, a introdução e internalização de novo vocabulário, dificuldades em ouvir ou seguir pequenas instruções, dentre outros sintomas. É importante saber que a dislexia pode acometer o indivíduo de diferentes maneiras visto que pode afetar de forma específica o aprendizado da linguagem, bem antes da concretização da leitura, soletração, escrita, mas também, manifesta-se em linguagem expressiva, afetando a razão, a capacidade de lidar com cálculos matemáticos, dificuldades de lidar com o esquema corporal, linguagem corporal e social.
Veja também:
+ Livro infantil interativo: como utilizar na sala de aula?
Pode, ainda, trazer transtornos de hiperatividade (atividade psicomotora excessiva, comportamento impulsivo, dentre outras características) ou hipoatividade (nível baixo de atividade psicomotora, com reação lenta a qualquer estímulo, memória pobre, dentre outros aspectos). Entretanto, não podemos deixar que pessoas desinformadas, associem a dislexia como falta de interesse, de motivação, de esforço ou de vontade, da criança.
Dificuldades no aprendizado da leitura, em diferentes graus, é característica evidenciada em cerca de 80% dos disléxicos, apontam dados de muitas associações que cuidam do assunto a nível mundial. Assim, entendendo que a criança da educação infantil está desenvolvendo sua capacidade psicomotora, nos aspectos amplos, bem como, nesta etapa é que acontece o desenvolvimento da fala, da descoberta da escrita, torna-se possível para o professor perceber tais manifestações na incapacidade do pequeno em lidar com alguns os desafios do cotidiano como, por exemplo: dificuldade de deglutição, dificuldade em fazer repouso corporal, linguagem pobre, dificuldade em ouvir e repetir fatos importantes de uma historinha, relatar, de forma sequencial, fatos acontecidos em um passeio, ou experiência, cantar uma música fazendo os gestos cumulativos, dificuldade em realizar desafios psicomotores consecutivos como andar para um lado, para o outro, abaixar, levantar, seguir por cima e por baixo, atendendo aos diferentes comandos verbais do professor. Mais adiante poderá espelhar as letrinhas do nome ou não conseguir montá-la via quebra-cabeça, por exemplo. Isso antes do início da escrita na alfabetização.
Desta forma, o professor tem um importante papel nos indicativos de um diagnóstico, nas provocações lúdicas e diferentes metodologias pedagógicas, com estratégias específicas e no acompanhamento daqueles que necessitam dia a dia. Que fique claro que estas manifestações podem indicar, também, outros transtornos, mas, de maneira geral, são pistas que devem fundamentar relatórios de acompanhamento, vídeos de desenvolvimento psicomotor e que poderão servir de base para uma investigação séria e competente do profissional especializado em um trabalho com um aluno disléxico.
As crianças que apresentam tal dificuldade devem ser tratadas com respeito e merecem assim, como todas as outras crianças, uma educação de qualidade e repleta de ludicidade. Sendo assim, indico algumas atividades práticas para serem realizadas com elas, na etapa de educação infantil. Para as crianças disléxicas o incentivo é fundamental, e atividades ajudam muito seu desenvolvimento.
Entre elas, História Dramatizada. De posse de uma história que ofereça, no seu contexto, possibilidade de andar, correr, pular… Imitando um dos personagens, o professor pode desafiar os alunos disléxicos a se concentrarem e repetirem os gestos, recontarem a história. O objetivo é estimular a autoestima do aluno, aumentar o vocabulário verbal do aluno e trabalhar a memória, por meio de sequenciamento.
O material é um bom livro de história. A atividade “De olho na obra de arte”, consiste na apresentação de uma obra de arte de fácil compreensão para os pequenos como, por exemplo, Girassóis, de Van Gogh. O aluno poderá fazer sua recriação por desenho, com massinha, colando pedacinhos de papéis coloridos, pintando com pincel ou dedinhos. O objetivo é permitir a apresentação de trabalhos de forma criativa, variada e diferente. Outra atividade interessante é a “Cantigas de roda e brinquedos cantados”, aonde o professor explora cantigas de roda e brinquedos cantados que possam provocar o movimento, a concentração e a repetição. “Fulano roubou pão na casa de João”, “Desengonçada” são ótimas cantigas e brinquedos cantados e devem ser explorados na mediação com o pequeno. O objetivo, por meio de exercícios criativos como recitar versinhos, cantar com gestos, repetir sequência, é trabalhar a concentração, a interação social e a fala do disléxico. Se o professor não souber as cantigas, poderá aprender realizando consultas em CD’s ou em visitas a sites de música.
Outro trabalho que poderá ser realizado com os disléxicos é “Vamos escrever de forma diferente”, que acontece através da utilização de massa de modelar e argila na construção da letra do primeiro nome, por exemplo. Utilizando o computador ou tablet, o professor ajuda a criança a digitar outras palavras que comecem com a mesma letra do primeiro nome. O objetivo é desenvolver a memória visual.
FONTE: Denise Tinoco. Pedagoga, Professora Universitária, Especialista em Educação Infantil e Psicopedagogia.