Novo Ensino Médio traz desafio de implementação para redes de ensino e escolas

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Com a aprovação do Novo Ensino Médio em 2017, que promoveu mudanças na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instituições de todo o país passaram a rever os conteúdos que seriam ensinados no último ciclo da educação básica. E agora, com a suspensão das aulas presenciais afetando o cronograma de ações em grande parte da rede pública e privada de ensino, essa nova etapa da educação brasileira, apesar da grande relevância, ficou em segundo plano.


Novo Ensino Médio: o que muda?

De acordo com o documento, as instituições de ensino deverão, a partir de março de 2022, mudar sua estrutura curricular. A nova grade de ensino amplia a carga horária de 2.400 para 3.000 horas ao longo dos três anos do ciclo, das quais 1.800 são destinadas à formação básica e as outras 1.200 horas a aulas de itinerários formativos.


A Formação Geral Básica será fixa e contemplará as disciplinas já conhecidas, como matemática, português, geografia e história. O restante do currículo será dividido em áreas de conhecimento - linguagens e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, ciências humanas e sociais aplicadas, e ciências da natureza -  por meio dos itinerários formativos.

O que são os itinerários formativos?

Através dos itinerários formativos, o estudante poderá aprofundar o seu conhecimento em uma ou duas áreas que tenha maior interesse, ou na formação técnica e profissional (FTP). Ao invés das aulas tradicionais, o aprendizado acontecerá por meio de projetos, oficinas, núcleos de estudo e até mesmo situações de trabalho, aplicando a teoria à prática.  Vale ressaltar que cada escola terá autonomia para determinar quais itinerários formativos irá ofertar de acordo com a relevância para o contexto local e a viabilidade na rede de ensino a qual pertence. 

Quando o Novo Ensino Médio entra em vigor?

A previsão é que o Novo Ensino Médio passe a ser implementado aos alunos do 1º ano do ciclo a partir de janeiro do ano que vem. Em 2022, para os estudantes da 2ª série e, consequentemente, para a 3º ano em 2023. 


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A opinião de especialistas sobre o Novo Ensino Médio

Segundo especialistas, a mudança é vista como promissora para a educação brasileira, que teve nos últimos 30 anos dados sobre atraso e evasão escolar, baixo nível de aprendizado, desmotivação e desinteresse dos estudantes muito negativos.


“Os anseios desses alunos estão a cada ano em maior descompasso com um Ensino Médio que não considera a necessidade de trazer significado para todos os conhecimentos, o protagonismo, a responsabilidade, os projetos de vida e as decisões dos próprios alunos”, explica André Freitas, gerente de projetos pedagógicos do Sistema de Ensino pH.


Entretanto, Freitas alerta para alguns desafios que serão encontrados no caminho, como:

Implementação do novo currículo nas escolas

Freitas diz que um dos principais desafios que as redes de ensino terão é distribuir os objetos do conhecimento – aqui entendidos como conteúdos, conceitos e processos - em áreas do conhecimento, para cumprir com as determinações da BNCC.


“Cada competência prevista na BNCC não está necessariamente ligada a alguma disciplina específica. Por isso, caberá às redes de ensino e às escolas pensarem como cada disciplina pode desenvolver ao máximo as habilidades requeridas no documento”, comenta.


A maneira como os arranjos curriculares a partir dos itinerários formativos serão feitos também é um ponto de atenção. Para ele, temas como escravidão, história do Brasil, ecologia e interpretação de texto ganharão ainda mais destaque na Formação Geral Básica, já que são temas mais atuais e presentes na vida dos estudantes brasileiros. Os itinerários formativos, por sua vez, ficarão responsáveis por ampliar as aprendizagens de uma determinada área do conhecimento do jovem, partindo de conteúdos que dialoguem com a sua realidade.


Responsabilidade e autonomia dos estudantes

Outra questão importante que a reforma traz para o debate será a responsabilidade do estudante na escolha de parte do seu currículo segmento. Para que seja feita de forma correta, escolas deverão traçar estratégias para orientação vocacional e profissional, autoconhecimento, formação para convivência ética, cidadania, organização para alcance de metas, autoconfiança e resiliência.


“Além dos itinerários formativos, o projeto de vida é uma das mudanças mais expressivas para esse ensino médio. Os jovens agora poderão exercer seus pontos de vista sobre a maneira como a escola vai contribuir no seu aprendizado, num movimento que beneficiará os dois lados”, finaliza.


Em todo o país, pelo menos 16 estados estão em processo de implementação do novo currículo, com apenas o estado de São Paulo oficializando essa mudança até agora. Mesmo com os projetos prontos, a participação de estudantes, comunidade escolar e especialistas em educação ainda é esperada para acontecer. Já na rede privada, algumas escolas que utilizam de Sistema de Ensino pH e o Anglo já estão com o material em produção.


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