Educação 4.0: o que é, como funciona e os principais desafios

Há 100 anos não imaginávamos que o mundo seria como é hoje. Inteligência artificial, dispositivos que se comunicam entre si, realidades virtuais; o mundo à palma de nossas mãos. Da mesma forma que a indústria e a sociedade passaram por um processo de transformação através da tecnologia, a maneira como as crianças estão e irão aprender daqui pra frente, também irá mudar. Bem-vindos a educação 4.0.

 

Nesse novo contexto, o aluno se torna protagonista do seu processo de aprendizagem e o ensino passa a ser personalizado, atendendo os interesses e habilidades de cada um.

+ José Pacheco e Pedro Demo: por uma escola focada no aluno

 

Entenda a seguir como a educação 4.0 funciona e como ela transformará o modo com que as aulas serão ministradas. 

 

O que significa educação 4.0?

A educação 4.0 está relacionada à Quarta Revolução Industrial, movimento marcado pela convergência de tecnologias digitais, físicas e biológicas. 

 

Segundo o professor e fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, estamos a bordo de uma revolução tecnológica que afetará todos os aspectos de nossas vidas. Ele afirma que, "em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes."

 

Isso porque a 4ª Revolução Industrial terá impactos em todas esferas da sociedade, desde o mercado de trabalho até a forma como nos relacionamos, e a educação não ficará de fora dessa. 

 

A educação 4.0 e o uso da tecnologia

A sala de aula com a qual estamos acostumados: carteiras e cadeiras, uma lousa e pincel, está com os dias contados. Cada vez mais, os espaços de ensino-aprendizagem serão complementados pela presença de novas tecnologias, como:

 

  • Realidade aumentada;

  • Ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) - Microsoft Teams, Zoom, e outras plataformas de aprendizado;

  • Games, animações, jogos e simuladores;

  • Nuvem de dados;

  • Internet das Coisas (IoC);

  • Ferramentas de experimentação (kits de robótica, impressora 3D e plataformas de programação).


Algumas dessas inovações ainda estão engatinhando, mas é fato que a educação 4.0 irá mudar o modo como as crianças, jovens e adolescentes aprendem. 

 

Essa união entre o mundo físico, o digital e a intervenção humana transformará a educação, abrindo espaço para a personalização do ensino e ampliando as oportunidades de aprendizado. 

 

Os aparelhos portáteis e o compartilhamento de informações entre os diferentes dispositivos fará com que o aprendizado aconteça dentro e fora dos muros da escola, possibilitando ainda que os dados sejam acessados depois. 

 

Nesse contexto, o aluno passa a ter maior autonomia na construção do conhecimento e o professor fica responsável por mediar, orientar e incentivar as descobertas de cada estudante.

As salas de aula, por exemplo, precisarão ser organizadas de uma forma que estimulem a colaboração e a interação entre os alunos, proporcionando espaços propícios para a experimentação. 

Como a tecnologia é abordada na BNCC?

A chegada da educação 4.0 traz, consigo, novas metodologias de ensino que colocam o aluno como centro do processo de aprendizado, através de pesquisas, experiências, projetos e testes. O famoso, “colocar a mão na massa”. 

 

Essas metodologias, chamadas metodologias ativas, caminham lado a lado ao novo documento proposto pelo Ministério da Educação em 2017, a Base Nacional Comum Curricular.

Segundo o texto, os currículos pedagógicos devem estimular o pensamento criativo, lógico e crítico do aluno, colocando-o em contato com diferentes produções culturais e auxiliando na formação de um cidadão autônomo, participativo e colaborativo. Além disso, a BNCC prevê que o uso correto das tecnologias de informação e comunicação (TDIC) presentes na educação 4.0, “possibilita aos alunos ampliar sua compreensão de si mesmo, do mundo natural e social”, sendo essencial em todas etapas de ensino e áreas de conhecimento.


O Novo Ensino Médio, que entrará em vigor no estado de São Paulo a partir de janeiro de 2021, acompanha essa mudança tecnológica com a implementação de um novo currículo.


Somado às disciplinas tradicionais como português, matemática, geografia e química, o estudante poderá aprofundar o seu conhecimento em uma ou duas áreas que tenha maior interesse, através dos itinerários formativos. Ao invés das aulas expositivas, o aprendizado acontecerá por meio de projetos e oficinas, aplicando a teoria à prática.


Os desafios da educação 4.0

Assim como acontece na maioria das revoluções e novidades, há uma série de desafios para serem superados a fim de implementar e universalizar a educação 4.0, principalmente no Brasil.


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Um deles é a questão socioeconômica do país e a precariedade das escolas brasileiras. Conforme mostram dados do Censo Escolar de 2018, 85% das instituições de ensino possuem acesso à internet de banda larga em suas dependências. Quanto à presença de laboratórios, 78% têm salas de informática e menos da metade (44%), dispõe de um laboratório de ciências. 


Dessa forma, caso não seja colocada em prática da maneira correta, a educação 4.0 pode escancarar ainda mais o abismo que existe entre a rede pública e a rede privada de ensino.


Além do desafio estrutural, é preciso que gestores e educadores se desapeguem de paradigmas e pré-conceitos existentes ao redor do uso de tecnologias na educação. 


Para isso, é preciso que as escolas invistam na formação continuada dos seus funcionários, capacitando-os para o novo modo de ensinar e para utilizar as ferramentas tecnológicas de maneira eficiente e criativa. 


Preocupações com relação aos efeitos que a exposição excessiva às telas dos aparelhos eletrônicos, e ao modo como os dados pessoais de crianças e adolescentes serão utilizados dentro do ambiente digital, também devem ser levadas em consideração nesta revolução educacional que está ocorrendo no mundo.


Ao que tudo indica, a educação 4.0 não é uma tendência; ela é real e está cada vez mais presente nas salas de aula. Em um mundo em que tudo está conectado e as inovações acontecem de maneira instantânea, é fundamental que a forma como aprendemos e ensinamos acompanhe as demandas do século XXI.


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