Giovanna Cornelio
A interrupção das aulas presenciais tem preocupado pais, alunos, professores e getores. Se por um lado a medida auxilia a conter a propagação do coronavírus, por outro a aprendizagem sofre grandes impactos. Em meio às incertezas dos cenários nacional e global, algumas escolas optaram pela antecipação de férias, enquanto outras viram no ensino a distância a possibilidade de diminuir os efeitos negativos da quarentena no calendário pedagógico.
O ensino a distância foi visto como opção pelas escolas tendo como base a experiência de outros países que também estão lutando contra a expansão do covid-19. Segundo levantamento feito pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), ao redor do mundo, mais de 1,4 bilhão de crianças e adolescentes, de mais de 150 países, estão afastados das escolas e universidades. A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) indica que desse número, 154 milhões são estudantes da América Latina e Caribe. [Dados atualizados em 26/03]
Na China, onde as escolas estão fechadas desde o dia 9 de fevereiro, foi lançada uma plataforma nacional de ensino. A ferramenta disponibiliza conteúdos educacionais de diversas áreas e em diferentes formatos, como vídeo aulas, filmes e jogos. A UNESCO também organizou uma lista de plataformas e mecanismos de aprendizagem para tentar diminuir os impactos da perda de aulas presenciais nesse ano letivo.
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Ensino a distância no panorama nacional
No Brasil, o ensino à distância é amplamente utilizado pelas instituições de ensino superior. Entretanto, na educação básica, a experiência ainda se limita a atividades complementares. De acordo com o artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), “o ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.”
Por se tratar de um modelo de educação pouco conhecido por professores e alunos, sua adoção deve ser feita de maneira realista. Desse modo, situações emergenciais, como a pandemia de covid-19, permitiriam que o EAD fosse adotado até mesmo as crianças mais novas, matriculadas no ensino fundamental (do 1º ao 9º). Entretanto, é necessário considerar a viabilidade da modalideade de ensino para a realidade de cada escola e seus alunos. O Ministério da Educação junto com as secretarias estaduais e municipais da área está discutindo medidas para flexibilizar o calendário letivo. A LDB prevê o mínimo de 200 dias letivos no ano e ainda não se sabe qual percentual dessa carga horária poderia ser cumprido pela educação online.
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O que minha escola deve fazer?
Por enquanto, não é possível prever ou antecipar os desdobramentos da pandemia, que tem impactado não somente a educação, como também a economia e a saúde pública. Apesar disso, uma recomendação valiosa para a gestão escolar é estar organizada para conseguir planejar ações e aplicá-las de maneira assertiva. Elaborar um plano de contingência que contemple alunos, pais e funcionários da escola é um passo importante a ser tomado. Com a volatilidade do cenário, não é possível realizar planos a longo prazo, contudo, a gestão precisa verificar quais medidas são cabíveis a curto prazo.
Nesse sentindo, acompanhar as notícias e os pronunciamentos oficiais das Secretarias de Educação é essencial para ir ajustando o plano de contingência conforme novos desdobramentos forem acontecendo. A comunicação da escola precisa ser estruturada e alinhada com os professores e as famílias, garantindo uma transmissão clara, transparente e ágil das mensagens. Faz parte dessa organização atualizar o cadastro dos alunos e responsáveis.
A quarentena cria o isolamento social, mas os gestores podem organizar chamadas de vídeo com as famílias para estreitar os laços da parceria e ter a possibilidade de uma troca de experiências mais próxima da ideal. No cenário de aprendizagem online, a família ocupa um papel muito importante e por isso a gestão escolar deve se empenhar na criação de uma comunidade. Escola, família e professores desenvolverão um trabalho em conjunto para atingir um objetivo: garantir que os alunos continuarão se desenvolvendo e aprendendo mesmo sem estar no espaço físico da escola.
Ferramentas gratuitas para o ensino a distancia
As soluções propostas para superar os desafios impostos à educação devem ser compatíveis com os diferentes níveis de ensino. Em outras palavras, um único plano não resolverá as dificuldades de todas as escolas e as estratégias tecnológicas também não serão eficientes se forem usadas da mesma maneira com jovens e crianças. Desse modo, escolas que não possuem um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) podem usar as redes sociais, o e-mail e as pastas compartilhadas nas nuvens para disponibilizar e receber as atividades dos alunos. O momento de contingência permite que as escolas explorem mais o uso de tecnologias no dia-a-dia da educação básica, além de oferecer aos pais recursos para manter os jovens e crianças ocupados dentro de casa.
Listamos abaixo algumas ferramentas que podem auxiliar as instituições a se organizarem durante a quarentena do Coronavírus.
1- Google For Education
O Google For Education é uma organização das ferramentas já conhecidas do Google mas adaptadas para o ambiente educacional. A plataforma auxilia instituições criação de um ambiente online de educação. Um dos principais aplicativos dessa plataforma é o Google Classroom, um aplicativo da sala virtual. O professor cria suas turmas e classes virtuais para compartilhar os conteúdos a serem desenvolvidos a distância. A ferramenta também permite que o professor controle provas e trabalhos, além de acompanhar o que os alunos estão produzindo.
Outras ferramentas úteis: Agenda; Drive; Gmail.
2- Whereby, Zoom e Hangouts Meet
Essas três ferramentas permitem a realização de vídeo chamada pelas nuvens. Todas são gratuitas e possuem um limite específico de dispositivos que podem participar de uma mesma reunião. Basta ter um e-mail para realizar o cadastro e iniciar uma chamada.
3 – Evernote
O Evernote é um aplicativo de notas online que pode ser acessado de qualquer lugar. As anotações podem ser compartilhadas com outros usuários, auxiliando no processo de organização e planejamento.
