Autismo nas Escolas: As Escolas Brasileiras Estão Preparadas para a Inclusão?

A inclusão de alunos com transtorno do espectro autista (TEA) em salas de aula comuns é uma realidade no Brasil. No entanto, será que as escolas estão preparadas para receber esses estudantes?


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Autismo nas Escolas: As Escolas Brasileiras Estão Preparadas para a Inclusão?


O início da vida escolar pode ser uma experiência árdua e complicada, seja para os alunos que entram nessa nova fase ou aqueles que mudam-se para uma nova instituição de ensino. Imagine, agora, para crianças que possuam limitações e dificuldades de aprendizado, como é o caso dos estudantes portadores do transtorno do espectro autista (TEA)? A situação é delicada e merece atenção, pois retrata a realidade de milhões de brasileiros.


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O que é o autismo?

Autismo é um distúrbio psiquiátrico caracterizado pelo transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social ou afetiva, impactando a capacidade de aprendizado e adaptação da criança. Os autistas parecem viver em um mundo isolado e possuem desenvolvimento físico normal.

Geralmente é diagnosticado entre 1 ano e meio e 3 anos, embora existam casos em que tenha sido identificado nos primeiros meses de vida. O transtorno pode ser dividido entre 3 tipos: Síndrome de Asperger, Transtorno Autista ou Autismo Clássico ou Transtornos invasivos do desenvolvimento. Dentro desses tipos, existem níveis ou graus que variam de indivíduo para indivíduo.



Por que a inclusão é necessária?

Na atual época, a inclusão se faz necessária para a sociedade, para que todos aprendam a conviver com indivíduos diferentes, principalmente para aqueles que estão sendo inclusos. As pessoas precisam ter o conhecimento do quão importante e significativo pode ser essa inserção na vida de quem a recebe. 

Desde dezembro de 2012, o autismo é considerado deficiência por lei (nº12.764, que institui a "Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista"), por isso, os indivíduos portadores desse distúrbio tem o direito de fazer uso de todos os benefícios que a inclusão oferece na rede regular de ensino.

É no ambiente escolar que o indivíduo aprende a conviver em sociedade, por isso a escola inclusiva é fundamental para o desenvolvimento das habilidades dos estudantes. As instituições de ensino dão acesso para os alunos autistas, possibilitando progredir no processo de socialização, além de se reestruturarem para um novo modo de viver.

É fundamental que seja bem orientada a inclusão de crianças autistas, pois possuem necessidades educacionais especiais. Essa orientação varia de acordo com as individualidades de cada um, e para que o indivíduo realmente seja incluso é preciso acompanhar uma preparação tanto do professor quanto da escola. O ambiente escolar precisa adaptar-se ao aluno autista e não o contrário. E isso vai além da estrutura e atenção dos profissionais, ela precisa ser profunda. Nora Cavaco, autora do livro “Minha Criança é Diferente?” define a inclusão correta da seguinte maneira: “incluir é aceitar, é sentir a educação além do contexto físico do espaço sala ou escola, é, sobretudo, uma forma de estar e de ser dos pais, dos docentes e não docentes, das escolas, da sociedade e do mundo em geral. Isto é inclusão” (CAVACO, 2014, p. 36).

Afinal, as escolas brasileiras estão preparadas para receber alunos autistas?

Segundo o G1, no ano de 2018, o número de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) matriculados em salas de aula comuns cresceu 37,27% em relação ao ano anterior. Em 2017, o número de crianças e adolescentes com autismo que estudavam nas mesmas salas que alunos sem deficiência era de 77.102, e no ano seguinte essa relação aumentou para 105.842 estudantes.

Infelizmente, grande parte das escolas ainda possui dificuldades para realizar a inclusão desses alunos. De acordo com a coordenadora técnica do AMA (Associação de Pais e Amigos do Autista de Campo Grande), Débora Cristina Soldera, é comum a mudança de tratamento a partir do momento em que os pais apresentam o laudo de atestado de autismo dos filhos.

 “A vaga não é negada explicitamente. As escolas costumam alegar que não tem preparo ou estrutura para receber a criança. Mas, de qualquer maneira, é uma forma de preconceito”, afirma a coordenadora.

Além disso, um recente estudo publicado na "Revista Saúde e Sociedade", da Universidade de São Paulo (USP), diz que metade das crianças autistas no Rio está fora da escola.  


Mas ainda há esperanças: a abordagem desse assunto é recente, e grande parte das instituições de ensino estão tornando-se conscientes sobre a importância dessa ação. Conforme os dados citados anteriormente, o número de alunos autistas matriculados em salas de aula comuns está crescendo de forma rápida e em grandes escalas, indicando que as escolas deram um grande passo em direção à inclusão.


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