Analfabetismo no Brasil: um retrato da desigualdade

Receba dicas e conteúdos exclusivos para a educação do seu filho.

O analfabetismo no Brasil atinge mais de 16 milhões de pessoas, é o que aponta o relatório de 2020 do IBGE, o mais recente sobre o tema. Esse número alarmante coloca em xeque a meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de zerar o analfabetismo no país até 2024.


De acordo com os relatório, cerca de 7% da população não é alfabetizada. Essa realidade é resultado de décadas de políticas públicas de educação mal geridas, sucedidas por descaso por parte do governo em alfabetizar devidamente os jovens e adultos do país. Mas, o que é analfabetismo? Quem é considerado analfabeto no Brasil? Isso e muito mais você verá neste artigo, confira.

Leia também:

+ Veja como conseguir bolsas de estudo de até 80%

O que é analfabetismo?

A UNESCO (Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura) define como, “uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço do seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade”.


É muito comum também que observemos pessoas utilizarem o termo, de forma pejorativa, como sinônimo de pessoa ignorante. Porém, na verdade, o analfabetismo está ligado, além da dificuldade de ler e escrever, a situações em que há baixa ou zero instrução para algo. Portanto, existem alguns tipos de analfabetismo, como:


  • Analfabetismo digital: pessoas que não conseguem entender e nem utilizar as ferramentas digitais e tecnológicas, como por exemplo a internet.
  • Analfabetismo político: esse termo é empregado para aqueles que não sabem, e fazem questão de não saber, dos acontecimentos políticos. Nesse sentido, não se preocupam em pesquisar sobre o tema, anulam seus votos por não acompanharem a política e, consequentemente, abrem mão do seu dever democrático.

O que é o analfabetismo funcional?

O analfabeto funcional é a pessoa que é capaz de ler e escrever algumas frases, mas não consegue compreender ou formular um texto simples. Desse modo, embora a pessoa conheça as letras do alfabeto e saiba como utilizá-las, o indivíduo não consegue interpretar uma notícia escrita de jornal ou mesmo resolver um problema matemático simples.


São considerados analfabetos funcionais as pessoas que possuem 4 anos ou menos de ensino formal, o equivalente ao primeiro ciclo completo do Fundamental. 

O analfabetismo funcional pode ser dividido em três níveis, são eles:


  1. Analfabetismo funcional: nível 1

No primeiro nível de analfabetismo funcional, a pessoa consegue ler e entender frases curtas, além de saber contar. No entanto, o indivíduo apresenta dificuldades em compreender um número com vários algarismos e textos mais longos. É a chamada alfabetização rudimentar.

  1. Analfabetismo funcional: nível 2

No analfabetismo nível 2, o indivíduo consegue ler pequenos textos, mas nem sempre interpreta informações mais complexas desse fragmento textual. Em relação aos números, a pessoa que tem esse grau de instrução consegue realizar contas básicas, mas tem dificuldade quando há uma quantidade grande de cálculos.  É a chamada alfabetização básica.

  1. Analfabetismo funcional: nível 3

Nesse grau de instrução, a pessoa consegue dominar a leitura, a escrita e os números das operações matemáticas.


Segundo as estatísticas do IBGE, existem cerca de 38 milhões de analfabetos funcionais no Brasil, o que representa cerca de 29% da população com mais de 15 anos. 

Combate ao analfabetismo no Brasil

No Brasil, a educação é uma área com carências que vão do financiamento da educação à implementação das políticas públicas já estabelecidas, passando pela formação e incentivo à carreira de professor, além da infra-estrutura das escolas. De acordo com um grupo de educadores, as metodologias de alfabetização ainda utilizadas em algumas escolas são ultrapassadas, não dialogando com a realidade atual dos alunos.


Isso porque as técnicas costumam se basear na memorização dos conteúdos, que tem o intuito de fazer o aluno repetir o que está sendo ensinado até decorar, o que impede o desenvolvimento criativo e incentiva a memorização, mas não a compreensão do que está sendo ensinado. 


Leia também: + Meu filho não gosta de ler. E agora?


Nesse contexto, o estímulo à leitura e à escrita é um modo de combater o analfabetismo no país, já que a democratização a bens culturais é um dos modos de diminuir as diferenças educacionais e culturais existentes. 


Segundo um levantamento feito pelo movimento “Todos pela Educação” a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do IBGE, o número de crianças não alfabetizadas entre 6 e 7 anos subiu para 2,4 milhões em 2021, um crescimento de 1 milhão em relação a 2019. Portanto, é importante investir em projetos de alfabetização desde o ensino infantil.


Assim, o projeto de Lei 5.108 de 2019, aprovado no dia 13/07/2022, estabelece o compromisso da educação básica com o estímulo à leitura entre crianças, adolescentes e jovens.

Analfabetismo: uma desigualdade regional

O mapa de analfabetismo no Brasil mostra que 125 municípios do país, em um universo de 5.507, concentram 25% dos analfabetos do Brasil. Entre esses municípios estão 24 capitais, sendo a cidade de São Paulo a que apresenta o maior número total de analfabetos, cerca de 380 mil pessoas.


Ainda de acordo com o mapa, cerca de 35% dos analfabetos já frequentaram a escola. Esse dado indica que apenas o acesso ao sistema de ensino não é suficiente para uma escolarização adequada, sendo necessário também políticas públicas e abordagens pedagógicas mais assertivas. 


O analfabetismo no mundo

De acordo com a Organização das Nações Unidas para  Educação (Unesco), apesar dos esforços globais de melhorias de acesso à educação, ainda existem cerca de 750 milhões de jovens e adultos analfabetos no mundo em pleno século XXI.


Para se ter uma ideia do número de pessoas, ela é mais de três vezes maior do que a população do Brasil, estimada em 210 milhões de habitantes. Segundo a Unesco, esse é um problema que persistirá por algumas gerações, já que mais de 260 milhões de crianças e adolescentes no mundo não estão matriculados em uma instituição de ensino.