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Seletividade alimentar nas escolas: como tratar, causas e consequências

Em resumo:

  • A seletividade alimentar trata-se da recusa persistente de alimentos por crianças, motivada por cor, textura, cheiro ou experiências negativas;
  • Entre as principais causas estão: hipersensibilidade sensorial, experiências traumáticas (como engasgos), ambiente familiar e escolar pouco incentivador, predisposição genética, TEA, ansiedade, alergias e má introdução alimentar.
  • Os sintomas comuns incluem: recusa frequente a novos alimentos, reações intensas como choro ou náusea nas refeições e cardápio limitado.
  • Cabe à instituição acolher, integrar equipes pedagógicas e nutricionais, dialogar com as famílias e incentivar contato gradual com alimentos.

Quando a criança recusa alimentos ou tem dificuldades em assimilar novas texturas e cheiros, o processo de alimentação vira um desafio. 

Diferente do que muitos pensam, esse comportamento não é manha. Trata-se de uma condição que, quando não tratada, pode afetar nutrição, convivência e aprendizagem dos pequenos: a seletividade alimentar.

A seguir, entenda por que ela acontece e veja formas de lidar com isso na escola.

O que é seletividade alimentar?

A seletividade alimentar é uma condição caracterizada pela recusa persistente de alimentos ou grupos alimentares

Crianças seletivas podem aceitar apenas comidas de uma cor específica, recusar legumes, frutas ou proteínas, ou ainda rejeitar preparações por causa da textura ou do cheiro. 

Essa seletividade vai além de uma simples preferência: pode gerar dificuldades no convívio social e comprometer a variedade da dieta, prejudicando a ingestão adequada de nutrientes.

Embora muitos associem a seletividade infantil à birra ou manha, especialistas alertam que ela pode estar relacionada a fatores sensoriais, emocionais ou até a condições como transtorno do processamento sensorial ou autismo. 

O que leva uma criança a ter seletividade alimentar?

As causas da seletividade alimentar são multifatoriais. Em alguns casos, estão ligadas à hipersensibilidade sensorial, quando a criança percebe de forma mais intensa o sabor, o cheiro ou a textura dos alimentos.

Em outros, podem estar relacionadas a experiências negativas, como episódios de engasgo ou pressão exagerada para comer.

O ambiente familiar e escolar também influencia: quando não há incentivo para experimentar novos alimentos de forma natural, a criança pode restringir ainda mais o cardápio. 

Outros motivos podem incluir:

  • Predisposição hereditária a rejeitar certos sabores devido à sensibilidade aumentada das papilas gustativas;
  • Condições como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Processamento Sensorial;
  • Rotinas alimentares pouco variadas, quando a família ou a escola oferecem sempre os mesmos alimentos;
  • Ansiedade, mudanças na rotina ou momentos de estresse (como adaptação escolar);
  • Refluxo, alergias ou intolerâncias alimentares;
  • Má introdução de alimentos sólidos, que resulta em rejeição posterior.

Quais são os sintomas da seletividade alimentar?

A seletividade alimentar costuma se manifestar ainda na infância, especialmente nos primeiros anos de vida, quando o cardápio da criança deveria estar se tornando mais variado. 

Entre os principais sintomas, está a recusa persistente de novos alimentos, mesmo após várias tentativas de implementação. 

Crianças seletivas tendem a rejeitar alimentos pelo aspecto visual, cheiro ou textura, limitando-se apenas a opções específicas.

Outro sintoma comum é a reação intensa durante as refeições, como choro ou até náusea diante de certos alimentos. 

Também é importante observar o impacto nutricional e social: cardápios restritos podem levar a deficiências de vitaminas e minerais, afetando o crescimento e a imunidade.

Qual é o papel da escola para manter alunos com seletividade escolar?

No contexto escolar, a seletividade alimentar exige acolhimento. 

Cabe à escola reconhecer o comportamento e estabelecer estratégias que tornem o momento da refeição mais tranquilo. 

Veja algumas das principais estratégias:

Criar um ambiente acolhedor nas refeições

Um dos primeiros passos para lidar com a seletividade alimentar é tornar o momento da refeição mais leve e sem pressões. 

Crianças seletivas podem se sentir ansiosas quando são obrigadas a comer ou quando percebem expectativas exageradas dos adultos. 

Ao criar um espaço tranquilo, sem comparações com colegas e sem cobranças excessivas, a escola contribui para que a criança se sinta segura para explorar novos alimentos no seu próprio tempo.

Isso pode ser feito com pequenas mudanças de rotina, como deixar que a criança escolha onde sentar, oferecer opções variadas no prato e permitir que ela observe os colegas experimentando sem que isso seja visto como imposição.

Integrar equipes pedagógicas e nutricionais

A seletividade alimentar não deve ser tratada apenas na cozinha da escola, mas como parte de um trabalho multidisciplinar. 

Professores, pedagogos e nutricionistas precisam atuar em conjunto para observar padrões de comportamento, identificar alimentos mais aceitos e propor atividades que despertem o interesse das crianças.

Projetos pedagógicos podem incluir o uso de histórias, jogos e até aulas temáticas sobre alimentação saudável, trazendo os alimentos de forma lúdica para o cotidiano. 

A parceria com nutricionistas, por sua vez, garante que as adaptações respeitem o valor nutricional necessário para o desenvolvimento da criança, sem deixar lacunas na dieta.

Comunicar a família

Nenhuma estratégia será eficaz sem um diálogo constante com os responsáveis. 

A escola precisa informar de forma transparente sobre a seletividade alimentar observada em sala de aula e alinhar com os pais como lidar com a situação tanto em casa quanto na instituição. 

Essa troca de informações ajuda a manter a consistência no tratamento e evita que a criança receba mensagens contraditórias.

Além disso, é importante que a família se sinta parte do processo. Quando pais e professores atuam em parceria, há maior chance de sucesso, já que a criança encontra o mesmo padrão de acolhimento em todos os ambientes.

Incentivar o contato gradual com os alimentos

Outra estratégia é permitir que a criança tenha contato com novos alimentos de maneira gradual. 

Isso significa estimular a curiosidade e a experimentação. O simples ato de cheirar, tocar ou até brincar com a comida pode ser um primeiro passo para quebrar a resistência.

Incentivar atividades em hortas escolares

Ter contato direto com o cultivo de alimentos é outra maneira eficaz de despertar a curiosidade e o interesse das crianças seletivas. 

Ao plantar, regar e colher frutas, verduras ou temperos, o aluno cria um vínculo com o alimento, o que aumenta as chances de aceitá-lo na refeição.

Além disso, as hortas escolares ensinam sobre sustentabilidade, responsabilidade e cuidado com o meio ambiente.

O que o ECA diz sobre seletividade alimentar?

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) garante às crianças o direito à alimentação adequada e saudável. 

Isso significa que a escola, seja pública ou privada, deve oferecer condições para que todos os alunos tenham acesso a refeições equilibradas.

Embora o ECA não trate diretamente da seletividade alimentar, sua interpretação reforça que a criança não pode ser prejudicada ou excluída por suas limitações alimentares. 

Nesse sentido, a escola deve buscar meios de atender as necessidades de alunos seletivos, respeitando sua individualidade e assegurando o direito à educação e ao bem-estar.

Quem é responsável pelo lanche do aluno nas escolas?

A responsabilidade pelo lanche ou merenda varia conforme o tipo de escola. 

Nas instituições públicas, a alimentação é garantida pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que oferece refeições balanceadas durante o período de aula. 

Já nas escolas particulares, geralmente cabe às famílias enviar o lanche, embora muitas ofereçam cantinas ou programas de alimentação próprios.

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