Vacinação: atenção às mudanças

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Nos postos de vacinação de todo o país, funcionários se desdobram para orientar e tirar todas as dúvidas de pais e responsáveis sobre as novas diretrizes de vacinação. Pregados nas paredes, cartazes coloridos repletos de informação tentam preencher as lacunas que ainda restam a respeito de como eram ministradas as vacinas em crianças e como é feita agora a aplicação de cada uma delas. A movimentação é justificável: o Calendário de Vacinação foi alterado em todo o território nacional – e já está em vigor desde o começo de 2016.

Para os pequenos, cinco vacinas tiveram seus protocolos modificados: contra poliomielite, meningite, pneumonia, hepatite A e HPV. Entre as novidades, há ampliação da faixa etária de crianças imunizadas, novas recomendações de intervalos entre a aplicação de reforços, além da exclusão da 3ª dose de alguns tipos de vacina. “As mudanças visam otimizar o calendário de vacinação, além de aumentar a adesão da população e possibilitar aos pais que perderam alguma dose de continuar a imunizar seus filhos”, explica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

 

Poliomielite

Com as novas medidas do calendário, a terceira dose da vacina contra a poliomielite, deixa de ser oferecida via oral e passa a ser injetável. Se a notícia de mais uma injeção não é das melhores para os pequenos, os especialistas garantem que o choro causado pela picadinha vai valer a pena. A antiga vacina oral conta com o vírus atenuado em sua fórmula, enquanto a injetável utiliza o patógeno inativo, ou seja, morto.

“A SBIm já recomendava o uso da vacina injetável contra a poliomielite, por se tratar de um vírus inativo, 100% seguro para as crianças”, acentua Isabella. Para ela, a mudança é um ganho para os brasileiros, já que a imunização com o vírus atenuado, mesmo que em casos muito raros, pode causar efeitos colaterais. Com o uso da injeção, não há mais o risco.

Os reforços oferecidos para crianças de 15 meses e 4 anos mantêm-se com a já famosa gotinha. “A vacina oral ainda é utilizada, pois a criança imunizada tem a possibilidade de expelir a vacina no ambiente. E um grande número de crianças vacinadas ao mesmo tempo cria um fenômeno chamado de ‘vacinação de rebanho’. Se 95% das crianças forem vacinadas, 5% das que não foram podem ser imunizadas pela vacina que está circulando no meio ambiente”, detalha Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI).

O empenho de pais e governo na luta pelo combate à doença pode ser medido em números ou, na verdade, pela falta deles. No Brasil, o último caso registrado de poliomielite foi em 1989. Segundo o levantamento feito pela Unicef em 2012, 97% das crianças em todo o país estavam imunizadas. Nos Estados Unidos, o índice não ultrapassou a marca de 93%.

Pneumonia

A vacina pneumocócica 10-Valente, indicada para prevenir pneumonia e outras doenças, agora perde a necessidade da administração da terceira dose. Desde janeiro deste ano, a vacina é aplicada apenas em duas doses, em meninas de 2 e 4 meses de vida, seguida de reforço, que deve ser dado, preferencialmente, aos 12 meses, mas poderá ser administrado até os 4 anos. Com isso, amplia-se o período em que a criança pode ser imunizada.

Meningite

Outra que teve seu protocolo alterado é a vacina meningocócica C, que protege os pequenos contra a meningite. O reforço da 3ª dose, que anteriormente era aplicado aos 15 meses, passa a ser feito aos 12 meses, preferencialmente, podendo ser realizado até os 4 anos. A administração da 1ª e da 2ª dose mantém-se inalterada, ou seja, aplicada aos 3 e 5 meses. “A mudança é importante, pois, assim, priorizamos vacinas mais emergenciais no início de vida da criança”, ressalta a presidente da SBIm.

Hepatite A

Por fim, a vacinação contra a hepatite A passa a ser ministrada a partir dos 15 meses de vida da criança – e não mais aos 12 meses –, podendo ser aplicada até os 23 meses. De acordo com o documento emitido pelo Ministério da Saúde, a alteração se justifica pela necessidade de reduzir o número de vacinas injetáveis aplicadas em uma mesma visita ao posto de saúde e, assim, diminuir o desconforto das crianças.

HPV

Os pais podem respirar aliviados: as alterações feitas pelo Ministério da Saúde são rotineiras e trazem benefícios para as crianças. “Sempre que temos uma mudança na situação epidemiológica, mudanças nas indicações das vacinas ou incorporação de novas vacinas, fazemos modificações no calendário”, salienta Antônio Nardi, secretário de Vigilância em Saúde.

Uma das novidades se refere à imunização contra o papiloma vírus humano (HPV). Antes, eram oferecidas três doses da vacina, aplicadas em meninas de 9 a 13 anos. Agora serão apenas duas doses para garotas de mesma faixa etária, sendo que a 2ª aplicação deve ser feita seis meses após a primeira. A exceção fica por conta das mulheres entre 9 e 26 anos portadoras de HIV, que devem continuar recebendo o antigo esquema de três doses.

“A imunização por duas doses é eficaz e trata-se de uma recomendação da Organização Mundial de Saúde”, reforça Isabella. Segundo dados do Ministério da Saúde, estudos recentes mostram que o esquema com duas doses apresenta uma resposta de anticorpos em meninas saudáveis de 9 a 14 anos equivalente à resposta imune de mulheres de 15 a 25 anos que receberam três doses. Isso significa que, considerando o público de meninas e adolescentes, a proteção contra o vírus é similar.

Mais crianças imunizadas

Uma das razões para a mudança do Calendário de Vacinação é permitir que quem está com a carteirinha de vacinação atrasada possa regularizá-la nos postos de saúde. No caso das vacinas de pneumonia e meningite, por exemplo, as doses que eram feitas em crianças de até dois anos incompletos passam a ser aplicadas até os 4 anos de idade, beneficiando aquelas que não foram imunizadas ou estão com esquema incompleto.

“É bom lembrar os pais de que as doses de vacina aplicadas nunca perdem efeito. Se a criança recebeu uma dose e perdeu o prazo para as demais, ela pode continuar com o esquema de vacinação a qualquer momento, seja no SUS ou nas clínicas particulares”, salienta Isabella Ballalai.

 

Nossas Fontes

Antônio Nardi, secretário de Vigilância em Saúde

Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI)

Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

Fonte: Blog da Saúde/Ministério da Saúde; UNICEF (www.unicef.org)

 

Artigo desenvolvido pelo projeto NA MOCHILA, que em parceria com as escolas oferece uma revista por bimestre aos pais de alunos do ensino Infantil e Fundamental I.